O engenheiro silvicultor Francisco Castro Rego, em entrevista recente, defendeu que os incêndios que assolaram a região Norte nas últimas semanas poderiam ter sido evitados ou minimizados se o excesso de biomassa tivesse sido tratado de forma adequada. Para ele, a falta de uma abordagem mais “musculada” na gestão da biomassa é um dos principais fatores que contribuem para a ocorrência de incêndios de grandes proporções.
Formado em Engenharia Florestal pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Francisco Castro Rego é um dos maiores especialistas em silvicultura em Portugal. Com uma vasta experiência na área, ele tem sido um defensor incansável da importância da gestão adequada da biomassa para a prevenção de incêndios florestais.
Segundo o engenheiro, a biomassa é um dos principais combustíveis para os incêndios florestais, e seu excesso pode ser extremamente perigoso. A biomassa é composta por todos os materiais orgânicos presentes na floresta, como folhas, galhos, troncos e outros resíduos vegetais. Quando esses materiais se acumulam em grandes quantidades, criam um ambiente propício para a propagação do fogo.
De acordo com Francisco Castro Rego, a gestão da biomassa deve ser feita de forma musculada, ou seja, com a utilização de técnicas e equipamentos adequados para a sua remoção. Isso inclui a realização de limpezas regulares da floresta, a utilização de máquinas para triturar e remover a biomassa, e a criação de faixas de contenção ao redor de áreas sensíveis, como estradas e habitações.
No entanto, o engenheiro alerta que a gestão da biomassa não deve ser feita de forma indiscriminada. É preciso levar em consideração as características de cada região e as espécies de vegetação presentes, para que as ações sejam efetivas e sustentáveis. Além disso, é fundamental que haja uma coordenação entre os diferentes agentes envolvidos na gestão florestal, como proprietários de terrenos, autarquias e entidades governamentais.
Francisco Castro Rego também ressalta a importância da prevenção e da educação para a redução dos incêndios florestais. Ele acredita que é preciso conscientizar a população sobre os riscos e as consequências dos incêndios, e incentivar a adoção de práticas sustentáveis de gestão da biomassa. Além disso, ele defende a criação de programas de formação e capacitação para os profissionais que atuam na área, para que possam realizar um trabalho mais eficiente e seguro.
O engenheiro também faz uma crítica à falta de investimentos na prevenção de incêndios florestais. Ele acredita que, apesar dos avanços tecnológicos e das medidas adotadas nos últimos anos, ainda há muito a ser feito para proteger as nossas florestas. Para ele, é preciso que haja uma maior sensibilização por parte dos governantes e da sociedade em geral, para que sejam destinados mais recursos para a prevenção e a gestão sustentável da biomassa.
Apesar dos desafios, Francisco Castro Rego acredita que é possível reverter a situação atual e evitar que incêndios de grandes proporções voltem a ocorrer. Ele destaca que, além da gestão da biomassa, é preciso investir em outras medidas de prevenção, como a criação de corta-fogos, a implantação de sistemas de vigilância e a realização de queimadas controladas.
O engenheiro também ressalta a importância da participação da comunidade no combate aos incêndios