Escavações serão realizadas até 22 de maio e acompanhadas por comissão da UFBA, que pediu orientações de lideranças religiosas
Um importante capítulo da história do Brasil pode estar prestes a ser revelado. Escavações estão sendo realizadas em um estacionamento na cidade de Salvador, na Bahia, com o objetivo de encontrar vestígios do maior cemitério de escravizados do país. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a prefeitura da cidade, e tem como objetivo resgatar a memória de um período sombrio da nossa história.
O local onde as escavações estão sendo realizadas é conhecido como “Campo Santo dos Pretos Novos” e fica no bairro do Pelourinho, região que foi um importante centro de comércio de escravos durante o período colonial. Estima-se que mais de 6 milhões de africanos tenham sido trazidos para o Brasil como escravos, e muitos deles passaram por esse local antes de serem vendidos para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar.
A importância histórica desse cemitério é inegável. Segundo registros, ele foi utilizado entre os séculos XVII e XIX para enterrar os corpos de escravizados que morriam durante a viagem de navio da África para o Brasil. Além disso, também era utilizado para enterrar aqueles que morriam nas senzalas ou durante o trabalho nas plantações. Porém, com o passar do tempo, o local foi sendo esquecido e acabou sendo construído um estacionamento em cima dele.
Agora, com as escavações, espera-se encontrar vestígios desse cemitério e, consequentemente, resgatar a memória desses milhares de africanos que foram trazidos à força para o Brasil. A iniciativa é acompanhada de perto por uma comissão da UFBA, que conta com a participação de arqueólogos, historiadores e antropólogos. Além disso, a comissão também pediu orientações de lideranças religiosas, como o candomblé e a umbanda, para garantir que as escavações sejam realizadas de forma respeitosa e em conformidade com as crenças e tradições dessas religiões.
A importância desse trabalho vai além do resgate histórico. Ele também é fundamental para a preservação da identidade e da cultura afro-brasileira. Muitos descendentes desses escravizados ainda vivem na região e, para eles, é fundamental que a memória de seus antepassados seja preservada e respeitada. Além disso, a descoberta de vestígios desse cemitério pode ajudar a contar uma história mais completa e realista sobre a escravidão no Brasil, que muitas vezes é romantizada ou minimizada nos livros de história.
A iniciativa também é uma forma de reparação histórica. Durante séculos, os corpos desses escravizados foram tratados com desrespeito e descaso, sendo enterrados em valas comuns e sem nenhum tipo de cerimônia. Agora, com as escavações, espera-se que esses corpos sejam tratados com o devido respeito e dignidade que merecem.
É importante ressaltar que esse trabalho não é apenas da universidade ou da prefeitura, mas de toda a sociedade. É fundamental que a população esteja ciente e apoie essa iniciativa, pois ela é parte da nossa história e do nosso patrimônio cultural. Além disso, é preciso que o poder público invista em ações de preservação e valorização da cultura afro-brasileira, para que a memória desses escravizados não seja esquecida novamente.
As escavações devem ser concl