As pressões inflacionistas estão a abrandar a descida das taxas de juro, alerta o presidente do Banco Comercial Português, Paulo Macedo. Em um evento realizado no Funchal, o banqueiro expôs os impactos de uma “era de incerteza” que nasceu com a administração Trump e como isso está afetando a economia portuguesa.
De acordo com Macedo, um dos principais desafios enfrentados pelo país é o paradoxo nos bolsos das famílias. Por um lado, há uma escassez de oferta de habitação, o que tem levado a um aumento nos preços dos imóveis. Por outro lado, há um crescimento “muito significativo” do crédito à habitação, o que pode levar a um endividamento excessivo das famílias.
Essa situação tem sido impulsionada pela política monetária do Banco Central Europeu, que tem mantido as taxas de juro baixas para estimular o crescimento econômico. No entanto, com a inflação a aumentar, o BCE pode ser forçado a aumentar as taxas de juro, o que pode ter um impacto negativo nas famílias portuguesas que estão a contrair empréstimos para comprar casa.
Macedo também destacou a importância de encontrar um equilíbrio entre a estabilidade financeira e o crescimento económico. Ele afirmou que, embora seja importante manter as taxas de juro baixas para estimular a economia, é igualmente importante garantir que os bancos tenham uma base sólida e que não haja riscos excessivos no sistema financeiro.
Além disso, o banqueiro também abordou a incerteza que tem sido gerada pela administração Trump nos Estados Unidos. As políticas protecionistas e as tensões comerciais entre os EUA e a China têm causado instabilidade nos mercados financeiros globais, o que pode afetar a economia portuguesa.
No entanto, Macedo enfatizou que Portugal tem conseguido manter um crescimento económico sólido, apesar desses desafios. Ele destacou a importância de continuar a implementar reformas estruturais e a promover um ambiente de negócios favorável para atrair investimentos estrangeiros e estimular o crescimento.
O presidente do BCP também mencionou a importância de diversificar a economia portuguesa, reduzindo a dependência do turismo e do setor imobiliário. Ele afirmou que é necessário investir em outros setores, como a tecnologia e a indústria, para garantir um crescimento sustentável a longo prazo.
Macedo concluiu seu discurso enfatizando a importância da estabilidade política e económica para o sucesso do país. Ele afirmou que é necessário manter um diálogo construtivo entre o governo e o setor privado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem.
Em resumo, as palavras de Paulo Macedo servem como um lembrete de que, apesar dos desafios e incertezas, Portugal tem conseguido manter um crescimento económico sólido e que é necessário continuar a trabalhar em conjunto para garantir um futuro próspero para o país. Com uma abordagem equilibrada e estratégica, é possível superar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem em uma “era de incerteza”.