Um recente estudo revelou que, apesar da importância do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na oferta de cuidados de saúde à população, as famílias estão cada vez mais a pagar por esses serviços. Enquanto o SNS continua a ser um pilar fundamental na saúde pública, a crescente participação financeira das famílias levanta preocupações sobre a acessibilidade e a equidade no acesso aos cuidados de saúde.
O estudo, realizado por uma equipa de investigadores da Universidade de Lisboa, analisou os gastos das famílias portuguesas com cuidados de saúde entre os anos de 2010 e 2019. Os resultados mostram um aumento constante e significativo dos gastos, com uma média anual de 4,3%. Além disso, o estudo revela que as famílias portuguesas gastam, em média, cerca de 27% do seu rendimento em cuidados de saúde, tornando-se o segundo maior gasto após a habitação.
O principal fator que contribui para esse aumento é a diminuição do financiamento público do SNS, que tem sido cada vez mais sobrecarregado com a crescente procura e envelhecimento da população. De acordo com os investigadores, nos últimos anos, o governo português tem vindo a reduzir o financiamento público em saúde, o que faz com que o SNS não tenha capacidade para cobrir todos os custos dos serviços de saúde.
Este cenário tem levado as famílias a recorrerem a soluções alternativas, como seguros de saúde privados ou serviços de saúde privados, para suprir as suas necessidades de saúde. No entanto, estas opções não são acessíveis a todos, especialmente para as famílias de baixos rendimentos, o que acaba por criar desigualdades no acesso aos cuidados de saúde.
Apesar destes desafios, o estudo também destaca a importância do SNS para a população portuguesa. De acordo com os dados, cerca de 80% dos cuidados de saúde são fornecidos pelo SNS, o que mostra a sua importância na saúde pública. Além disso, o SNS é responsável pela distribuição equitativa dos recursos de saúde, garantindo que todos os cidadãos tenham acesso aos mesmos serviços e tratamentos.
Para combater esta crescente participação financeira das famílias nos cuidados de saúde, é crucial que o governo português reforce o financiamento público do SNS. Isso não só irá aliviar o fardo das famílias, mas também garantir uma maior equidade no acesso aos cuidados de saúde. Além disso, é necessário que sejam implementadas medidas para melhorar a eficiência e gestão dos recursos do SNS, para que sejam aproveitados ao máximo.
Outra solução para este problema pode ser a promoção de estilos de vida saudáveis e a prevenção de doenças. Ao incentivar uma população mais saudável, os custos com cuidados de saúde podem ser reduzidos, aliviando a pressão sobre o SNS e as famílias.
É importante lembrar que o SNS é um dos maiores orgulhos de Portugal, sendo reconhecido internacionalmente como um sistema de saúde de qualidade e acessível. É fundamental que sejam tomadas medidas para garantir que continue a desempenhar o seu papel central na saúde pública e que as famílias não sejam sobrecarregadas com custos cada vez mais elevados.
Em suma, embora o estudo revele um cenário preocupante em relação aos custos dos cuidados de saúde para as famílias portuguesas, é importante manter uma perspetiva positiva e acreditar que é possível encontrar soluções para este problema. O SNS é uma pedra angular do bem-estar da população e deve ser protegido e fortalecido para garantir um acesso justo e equitativo aos cuidados