No recente confronto entre Rui Tavares, líder do partido Livre, e Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, ficou evidente que, apesar de ambos os partidos terem uma visão progressista e de esquerda, suas diferenças também se manifestam. Um dos pontos de divergência entre os dois líderes surgiu em relação à proposta de uma Comunidade Europeia de Defesa, defendida por Tavares e rejeitada por Mortágua. Essa questão põe em destaque as opiniões divergentes dentro da esquerda portuguesa em relação à segurança e à defesa.
A Comunidade Europeia de Defesa, projeto que busca a criação de um exército europeu, foi apresentada por Tavares como uma forma de fortalecer a segurança no continente e diminuir a dependência da União Europeia em relação aos Estados Unidos. Para o líder do Livre, a criação de uma defesa comum seria um passo importante para a construção de uma Europa mais independente e soberana. No entanto, Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, manifestou oposição à proposta, argumentando que mais investimento em armamento não é a solução para resolver os problemas de segurança da Europa.
A resistência de Mortágua ao projeto da Comunidade Europeia de Defesa se deve principalmente à sua crença de que a Europa deve buscar formas alternativas de garantir sua segurança, sem recorrer ao aumento do orçamento destinado ao armamento. Ela também alega que a criação de um exército europeu poderia levar a um maior envolvimento em conflitos armados e a uma “economia de guerra”, o que vai contra os valores e ideais pacifistas defendidos pelo Bloco de Esquerda.
Além disso, a líder do Bloco de Esquerda também levantou questões sobre a democracia e a transparência na tomada de decisões em relação à proposta de uma Comunidade Europeia de Defesa. Ela afirma que a criação de um exército europeu poderia ser usada como uma ferramenta para os interesses de potências militares dentro da União Europeia, sem a devida participação dos cidadãos.
No entanto, Rui Tavares defende que a criação de uma Comunidade Europeia de Defesa é um passo necessário para a construção de uma Europa mais independente e capaz de tomar suas próprias decisões em questões de segurança. Ele argumenta que a dependência da UE em relação aos Estados Unidos coloca em risco a soberania do continente e que a criação de um exército comum seria uma forma de fortalecer a solidariedade entre os países membros.
Apesar das divergências entre os dois líderes, ambos concordam que é preciso uma maior cooperação e coordenação entre os países europeus em questões de segurança. No entanto, a forma de alcançar esse objetivo é o ponto central de discordância. Enquanto Tavares defende uma Europa mais fortalecida militarmente, Mortágua acredita em outras formas de garantir a segurança.
Essas diferenças entre Livre e Bloco de Esquerda vêm à tona em um momento importante para a política europeia. Com a crescente influência de forças nacionalistas e populistas, a esquerda tem sido desafiada em relação às suas propostas e ideais. E, nesse contexto, as divergências também se manifestam dentro da própria esquerda, como é o caso da discussão sobre a Comunidade Europeia de Defesa.
No entanto, é importante ressaltar que tanto Livre quanto Bloco de Esquerda possuem um objetivo comum: a construção de uma Europa mais justa e democrática. Apesar das divergências, é preciso que esses partidos mantenham um diálogo aberto e