Células especiais “ensinam” o sistema imune a tolerar alimentos — e podem ser a chave para tratar alergias alimentares, diz novo estudo
As alergias alimentares são uma condição cada vez mais presente na população mundial. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a prevalência de alergias alimentares em crianças de até 5 anos é de 7,7%, um número alarmante que não para de crescer. Ainda não se sabe exatamente o motivo desse aumento, mas os impactos na qualidade de vida das pessoas alérgicas são evidentes, uma vez que qualquer ingestão de alimentos alergênicos pode desencadear uma reação alérgica grave.
Diante desse cenário, uma descoberta recente pode revolucionar o tratamento contra alergias alimentares. Um novo estudo, liderado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, identificou a existência de células especiais que podem “ensinar” o sistema imunológico a tolerar alimentos que antes eram considerados alergênicos. Essa é a esperança de milhões de pessoas que vivem com restrições alimentares devido às alergias.
O estudo, publicado na revista científica Nature Immunology, revelou a descoberta de células imunes específicas, chamadas de células TH2A, que têm a capacidade de ensinar as células T, responsáveis por reconhecer e combater agentes externos ao organismo, a tolerarem alimentos alergênicos. Isso significa que, se o organismo já estiver “treinado” para tolerar determinado alimento, as reações alérgicas não irão mais ocorrer.
A equipe de pesquisadores identificou essas células TH2A em camundongos e posteriormente em seres humanos alérgicos a amendoim. A partir de então, eles conseguiram reprogramar as células T para tolerarem o amendoim, através da exposição controlada a doses do alimento. Isso significa que, se a técnica for testada e for segura, pessoas alérgicas poderão ser tratadas e curadas através dessa terapia.
Essa descoberta é revolucionária porque até então, os tratamentos contra alergias alimentares eram baseados em evitar completamente o contato com os alimentos alergênicos. Isso significa que, para as pessoas alérgicas, basta uma pequena ingestão acidental de amendoim, por exemplo, para desencadear uma reação alérgica grave, que pode até mesmo levar à morte.
Além disso, os estudos também mostram que essa exposição controlada durante o tratamento pode até mesmo prevenir o desenvolvimento de novas alergias alimentares. Isso porque, ao “ensinar” o sistema imunológico a tolerar o alimento, ele não irá mais reconhecê-lo como um agente estranho ao organismo.
No entanto, os pesquisadores alertam que são necessários mais estudos para comprovar a eficácia e a segurança dessa terapia em humanos. Até o momento, o tratamento foi testado apenas em camundongos e em um pequeno número de pessoas alérgicas a amendoim, e ainda não há resultados definitivos.
Mas, sem dúvidas, essa descoberta é um grande avanço para a ciência e traz esperança para milhões de pessoas que sofrem com alergias alimentares. Além disso, a técnica pode ser utilizada para o tratamento de outras doenças autoimunes, como a diabetes tipo 1 e a esclerose múltipla, que também são causadas por uma resposta autoimune do organismo.
Além da terapia com células TH2A, outras pesquisas também estão sendo realizadas na área de imunologia para tentar encontrar uma cura para as alergias alimentares. Uma
