Com o início da Quaresma, período de reflexão e renovação espiritual para os cristãos, a Renascença entrevistou o padre Fernando Sampaio sobre a forma como o Papa Francisco tem vivido sua doença durante seu pontificado. Como capelão hospitalar, o padre Sampaio lida diariamente com os desafios e a humanidade presentes no ambiente hospitalar. E em suas palavras, o testemunho de humanidade do Papa Francisco desafia o tempo atual, que é marcado pela pressa e pela intolerância ao sofrimento.
Desde que assumiu o pontificado em 2013, o Papa Francisco tem sido conhecido por sua humildade, simplicidade e proximidade com as pessoas. E essas características se mantiveram mesmo após o diagnóstico de sua doença. Em 2019, o pontífice revelou que sofre de uma doença degenerativa no quadril, o que o impede de caminhar normalmente e o faz utilizar uma bengala. Porém, ao invés de se esconder ou tentar esconder sua condição, Francisco a aceita e a encara com naturalidade, mostrando que a fragilidade humana não diminui sua capacidade de liderança e de ser um exemplo para os fiéis.
Para o padre Sampaio, o testemunho de humanidade do Papa é um desafio para a sociedade atual, que muitas vezes é impulsionada pela cultura da pressa e da intolerância ao sofrimento. Em um mundo que busca a todo momento a perfeição e a eficiência, a doença e a fragilidade são vistas como um sinal de fraqueza a ser evitado. Porém, o Papa Francisco nos mostra que é possível ser forte e humano ao mesmo tempo, que é possível ser líder e ser vulnerável.
Ao lidar de perto com pacientes hospitalizados, o padre Sampaio destaca a importância de uma abordagem mais humana e acolhedora no cuidado com aqueles que enfrentam uma doença. Ele afirma que muitas vezes as pessoas querem apenas ser ouvidas e acolhidas em suas dores, e que o Papa Francisco é um exemplo nesse sentido, pois sempre se mostra disponível para ouvir, abraçar e consolar aqueles que sofrem. O padre Sampaio ainda ressalta que o Papa não se limita apenas aos pacientes, mas também aos profissionais de saúde, mostrando que a humanidade e o cuidado devem estar presentes em todas as relações.
Além disso, o testemunho de humanidade do Papa Francisco também nos desafia a repensar nossa relação com o tempo e com a vida. Em uma sociedade marcada pelo imediatismo e pela busca constante pelo sucesso, muitas vezes nos esquecemos de valorizar o presente e de enxergar a beleza e a importância da vida em suas mais diversas formas. A doença do Papa Francisco nos lembra que a vida é frágil e que é preciso vivê-la com intensidade e sabedoria, valorizando cada momento e cada pessoa ao nosso redor.
No início da Quaresma, período de preparação para a Páscoa, somos convidados a refletir sobre nossa relação com Deus e com o próximo. E o testemunho de humanidade do Papa Francisco nos mostra que essas duas dimensões estão intrinsecamente ligadas. Ao acolher sua doença e viver com simplicidade e humildade, o Papa nos ensina a importância de uma vida centrada em Deus e no amor ao próximo. Dessa forma, podemos seguir seu exemplo e enfrentar as dificuldades e desafios da vida com fé e esperança.
Em tempos de polarização e intolerância, o Papa Francisco nos dá um exemplo de como é possível ser um líder e ao mesmo tempo ser humano, sensível e acolhedor. Seu testemunho nos desafia a olhar para o outro com mais compaixão e respe